"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem." Carlos Drummond de Andrade





quarta-feira, 6 de julho de 2011

9 Maneiras de ser um professor mais eficiente




1. SÃO OS ALUNOS QUE IMPORTAM

Alguns professores sentem-se extremamente orgulhosos de seus cargos. E dá até para entender a razão. Afinal, são anos e anos de pesquisas e estudos para estar ali, naquela sala de aula. E agora aqueles alunos seriam os sortudos que iriam beber da sabedoria dele por todo ano letivo. Aqueles que pensam assim estão construindo uma imensa barreira entre eles, os estudantes e o aprendizado. Os melhores mestres vêem a si mesmos como guias. Eles compartilham o que sabem, porém entendem que eles não são o foco principal daquela sala de aula. Seus discípulos o são. Não se deve perguntar "o que eu vou fazer hoje", mas sim "o que eu espero que meus alunos façam/aprendam hoje". O planejamento do dia fica muito mais fácil.

2. ESTUDE OS ESTUDANTES

Imagine um professor entrando em sala de aula dizendo: - Bom, abra seu livro na página... na página que vocês encontrarem essa matéria. Nada pior para a imagem, não é mesmo? Se é importante conhecer o material didático, imagine entender seus alunos. Que, ao contrário dos livros, não são feitos em série. Cada um possui uma particularidade, algo que o faz único. É fácil imaginar que é complicado descobrir o que cada um deseja, o que motiva seus estudantes. Mas faça uma analogia. Imagine que um amigo que mora longe lhe telefona. Ele diz que está em sua cidade e quer fazer-lhe uma visita, como se chega em sua escola? Qual a pergunta que você faz nessa situação? - Você está perto do quê/em que rua? Logo em seguida, pergunta se ele está a pé ou de carro. A partir daí, pode indicar o caminho certo para se encontrarem. Da mesma forma, seus alunos. Se você quer que eles tenham aprendido alguma coisa no final do ano, primeiro descubra onde estão, quais os recursos que possuem.

3. SE VOCÊ QUER QUE ELES SE ARRISQUEM, OFEREÇA SEGURANÇA

Parece estranho, mas aprender pode ser uma atividade desconfortável. Os discentes têm que descobrir o que eles não sabem, jogar fora muito daquilo que eles achavam que sabiam. Brasílio NetoPor isso, crie um ambiente de segurança. Iluminação e cores corretas ajudam, além de diversos outros detalhes ao alcance do professor: A - Decore as paredes com os trabalhos dos alunos, ou fale sempre nos exemplos e nos casos que eles trazem para sala. A idéia é fazer com que a sala de aula seja um lugar que pertença a eles, alunos. B - Da mesma maneira, crie um pequeno ritual para início de aula. Pode ser algo simples, como entrar e dar bom dia de determinada maneira, ir até um ponto da sala e sorrir. Com isso, os alunos percebem, inconscientemente, que eles estão em terreno conhecido e que não há o que temer.

4. VULNERABILIDADE NÃO COMPROMETE A CREDIBILIDADE

Um professor não precisa ter todas as respostas. Se você disser "eu não sei", isso não significa que sua classe vai acreditar menos em você. Ao contrário, seus alunos irão admirá-lo ainda mais.

5. REPITA OS PONTOS IMPORTANTES

O norte-americano William H. Rastetter foi professor da Universidade de Harvard antes de ser chamado para dirigir uma grande empresa. Ele passa uma regra para seus colegas: "A primeira vez que você diz alguma coisa, as pessoas escutam. Se você fala uma segunda vez, as pessoas reconhecem aquilo; e se você fala uma terceira vez, elas aprendem." O desafio é fazer isso de forma que você não se torne chato ou repetitivo. Mude as palavras, passe conceitos através de exercícios e experiências. Use sua criatividade.

6. BONS PROFESSORES FAZEM BOAS PERGUNTAS

Fazer perguntas que se respondam com "certo" ou "errado" não estimula uma boa discussão em sala de aula. Procure fazer perguntas abertas. Por que isso funciona assim? Qual a razão dessa reação/atitude? E se fizéssemos de outra maneira?

7. ESCUTE MAIS DO QUE FALA

Ao lecionar, aquilo que você faz é tão importante quanto aquilo que você diz. E escutar o que seus alunos têm a dizer significa que você se importa com eles, que leva em consideração as idéias da classe. Permita momentos de silêncio em sala de aula, eles significam que o conhecimento está sendo processado. E lembre-se, nem sempre seus alunos se comunicam por palavras. Fique atento aos sinais não escritos, como olhares, movimentos, entre outros.

8. PERMITA QUE OS ALUNOS ENSINEM ENTRE SI

Você não é a única fonte de conhecimento disponível a seus alunos. Eles também aprendem entre si. Uma turma de alunos funciona como um triângulo de aprendizado, no qual o professor é apenas um vértice. Use essa força a seu favor. Dê a seus alunos pequenos textos, e peça que eles o interpretem entre si para responder uma questão. Naturalmente eles escutam mais uns aos outros para encontrar a solução mais adequada.

9. PAIXÃO E PROPÓSITO

O que faz a diferença entre um bom professor e um excelente professor não está nos cursos feitos, não aparece nas teses defendidas nem nas pesquisas feitas. Independe dos anos de profissão. É a paixão pelo lecionar, por estar ali, todos os dias. É algo que contagia os estudantes e que não pode ser fingido. Se você possui essa vontade para passar-lhes algum conteúdo, só falta informar-lhes o que deve ser aprendido. Faça com que todas as pessoas na sala de aula tenham um objetivo comum. Para que é necessário aprender aquilo? Exatamente o que a classe deve saber de novo até o final do ano?
Fonte: Rede Pitágoras


Dicas de como montar um Projeto Escolar

Nos dias de hoje discute-se muito a forma como a educação dita formal (escolar) tem sido estruturada.
Neste contexto, o aluno e o professor possuem um papel muito passivo no processo ensino-aprendizagem, na medida em que não têm a possibilidade de construírem este processo. Conteúdos e formas de apresentação das mesmas já estão pré-estabelecidas. Assim, o processo ensino-aprendizagem perde toda sua magia, deixando de ser significativo e prazeroso,tanto para os alunos como para os professores.A pedagogia de projetos vem nortear as atividades escolares, permitindo um trabalho interdisciplinar, abrangendo as diversas áreas do conhecimento, inserida na realidade e viabilizando múltiplas relações sociais.A função do projeto é favorecer a criação de estratégias para resolverem um problema proposto, testar algumas hipóteses referentes a um determinado tema, pesquisar sobre um assunto eleito pelo grupo, enfim, levar o grupo a buscar o que lhe é significativo.O projeto auxilia os alunos a serem conscientes de seu processo de aprendizagem e exige do professor uma postura flexível, de pesquisador onde os desafios e conflitos o estimulem e não o paralisem. As fontes de pesquisa são as mais diversas: livros, material impresso, vídeos, relatos de exposições culturais, músicas, experimentos...A pesquisadora francesa Josette Jolibert diz que a Pedagogia de Projetos favorece o envolvimento dos alunos como co-autores de sua aprendizagens, possibilitando-lhes fazer escolhas, decidir e se comprometer com suas escolhas, assumir responsabilidades, planejar suas ações, ser sujeito de sua aprendizagem.
Os projetos surgem na relação adulto/criança na medida em que o professor é capaz de atribuir significado à curiosidade despertada por assuntos ou atividades, às perguntas feitas, ao que é necessário ao seu desenvolvimento. No momento em que o professor consegue entender e aprofundar seus conhecimentos nesta proposta de trabalho, terá condições de aventurar-se em infinitas descobertas e perceber o quanto isto é enriquecedor.As etapas da elaboração de um projeto são muito importantes e repletas de descobertas. Para tanto o professor deve se organizar e mapear o que deseja trabalhar. Esse mapeamento deve ser flexível.Roteiro:

- Objeto do conhecimento (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História...)
- Conteúdos específicos - Tema
- Objetivos específicos - O que o professor e os alunos desejam com o projeto.
- Objetivos:
- De vida cotidiana - questões práticas relacionadas com a construção do grupo:- Empreendimento - apoiados em situações reais, nas realizações do grupo;
- Aprendizado - conhecimento relacionado à aprendizagem do grupo.
- Justificativa - O que as crianças possam vir a conhecer.
- Origem do projeto
- Intenção do projeto
- Relação do tema com o grupo, observando as características da idade, tipos de pensamento, relações que estabelecem com o mundo.
- Desenvolvimento - marcos do trabalho, atividades...
- Recursos
- Avaliação - Uma do professor e outra do grupo de alunos- Tempo provável de duraçãoDe acordo com as pesquisas de Jolibert, situações favoráveis para aprendizagem são criadas a partir de um meio propício à discussão, tomada de decisões, reflexões, ações e avaliações contínuas. No momento que o grupo está envolvido pelo seu projeto é como se esse estivesse "vivo", as crianças mais cooperativas buscando estratégias e definindo em conjunto a condução do projeto, permitindo maior autonomia.
Um projeto pode dividir-se em:· Projetos referentes à vida cotidiana: abrangem todas decisões relacionadas à existência, ao funcionamento da vida de um grupo de crianças e adultos na escola.Organização do espaço, tempo, atividades, regras... permitem uma maior organização das crianças deste grupo, oportunizando-as a se expressar, escolher, viver e assumir seus conflitos, compartilhar as responsabilidades, aprender a ouvir os outros, tornarem-se autônomos.·
Projetos empreendimentos: atividades complexas em torno de uma meta definida. São referentes a situações reais, transformando um mero conteúdo escolar em uma necessidade e atividade prática concreta. Essas situações possibilitam aos alunos lidarem com a distribuição de tarefas em um espaço de tempo e efetuarem um processo de avaliação dos resultados obtidos.· Projetos de aprendizado/competência: pôr ao alcance das crianças o conteúdo das instruções oficiais. Portanto, surgem do desejo de tornar os alunos sujeitos de sua aprendizagem. Esses projetos são construídos coletivamente (professor/aluno) a partir da apresentação simplificada do conteúdo curricular. O mesmo decorre dos projetos de vida cotidiana e empreendimento, pois desenvolvem habilidades, destrezas e conteúdos que sustentam a execução dos mesmos.
Durante a execução do projeto, o grupo deverá realizar avaliações contínuas referentes ao relacionamento em grupo, planejamento e suas etapas, execução, envolvimento, responsabilidades e que marcas lhe são significativas em uma etapa do projeto ou mesmo na finalização do mesmo. Esta avaliação pode ser feita através de registros gráficos, relatórios, reflexões orais, painéis...Os registros realizados no decorrer do projeto servem como um importante referencial do que está sendo desenvolvido no momento e para divulgar o trabalho na escola. O projeto é aberto e o envolvimento de mais pessoas com certeza possibilitará muitas trocas e descobertas significativas.
O trabalho com projetos permite que qualquer criança, mesmo as com necessidades educativas especiais, viva com autonomia suas estratégias de aprendizagem e sua vivência num grupo com estruturas envolventes, conflitivas, criativas, responsabilizantes. Permite que as crianças construam sua história de "vida escolar" com entusiasmo, alegria, conflitos, dificuldades e muitas aventuras, permeadas pelo currículo escolar.

* Texto elaborado pela equipe pedagógica do Centro Integrado de Desenvolvimento,CID, escola inclusiva de Porto Alegre.

O que mais temo é o medo, não o fracasso! É não ir a luta com determinação.

"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda" (Paulo Freire)